
1. Desde o fim da URSS, os EUA impuseram um domínio imperial único no mundo e estrangularam a maioria da população do planeta, principalmente na periferia do capitalismo. Nesse período, os EUA aumentaram a sua influência através da expansão militar da OTAN para o Leste Europeu; das guerras de rapina em países como a antiga Iugoslávia, Afeganistão, Iraque, Líbia, Síria, etc.; dos acordos financeiros abusivos do FMI e do Banco Mundial; da associação e da subordinação de frações burguesas locais; da disputa ideológica nas mídias, igrejas e universidades; e da desestabilização e de golpes contra governos que se afastaram do neoliberalismo. Desse modo, eles forçaram a abertura comercial irrestrita para produtos estrangeiros; a redução do papel do Estado na economia; a privatização de empresas estatais; e os cortes na proteção social e trabalhista. Em países periféricos como o Brasil, esses mecanismos sufocaram o desenvolvimento autônomo, saquearam os recursos naturais e estabeleceram a superexploração dos trabalhadores.
2. A firme resposta chinesa às agressões tarifárias desencadeadas por Donald Trump e a iminente vitória da Rússia na guerra na Ucrânia correspondem a uma mudança de qualidade na política internacional, consolidando a chamada “multipolaridade”. Vários acontecimentos forjaram essa transição para um mundo multipolar, como: a intervenção da Rússia na Guerra da Geórgia, em 2008,impedindo a entrada do país na OTAN – a primeira intervenção militar russa no Pós-Guerra Fria; a crise financeira de 2008, cujo epicentro se localizou nos EUA; o início do projeto chinês “Iniciativa do Cinturão e Rota” ou “Nova Rota da Seda”, em 2013; a ultrapassagem do PIB dos EUA pela China no quesito paridade de poder de compra, em 2014; a anexação russa da Crimeia, em resposta ao golpe em Kiev, em 2014; a fundação do Novo Banco de Desenvolvimento pelo BRICS, como alternativa ao FMI e ao Banco Mundial, em 2015; a intervenção russa na guerra na Síria, tornando-se um campo de batalha indireto entre EUA e Rússia, a partir de 2015; a resistência da China na guerra comercial do primeiro governo Trump, em 2018; a ofensiva de Putin na Ucrânia, em 2022, após oito anos de agressão e cerco militar da OTAN; a firme resposta chinesa à guerra tarifária do segundo governo Trump, no início deste ano; as negociações em curso sobre a guerra na Ucrânia – que não caracterizam um mero “cessar-fogo”, mas um reconhecimento da vitória russa contra as sanções econômicas e o aparato militar da OTAN; o progressivo e contínuo estreitamento dos vínculos econômicos e diplomáticos, no decorrer deste início de século, entre a China e a Rússia.Como admitiu o próprio Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, um mundo com uma potência “unipolar” foi uma anomalia causada pelo fim da URSS, agora estamos voltando a um mundo multipolar.
3. A contradição principal no cenário internacional se dá entre os EUA, de um lado, e a aliança China-Rússia, do outro. Diante desse conflito, é fácil constatar que os EUA continuam sendo os grandes inimigos da humanidade. Oconceito de contradição principal é o que melhor nos ajuda a compreender uma conjuntura política. Ele se encontra em estado prático nas análises de Marx e de Lenin, mas foi extraído e desenvolvido por Mao Tsé-Tung, no célebre texto “Sobre a Contradição”. Esse conceito designa aquela contradição que desempenha o papel diretor na conjuntura política, ou seja, aquela que determina ou influi decisivamente sobre todas as demais. Identificando-a, é possível resolver, por exemplo, quem são os aliados necessários em cada momento, assim como quem é o inimigo principal a ser combatido. Observando-se os polos em luta, não é difícil perceber que os EUA têm sido os grandes inimigos dos povos explorados de todo o globo. São os EUA – e não a China ou a Rússia – que mantêm mais de 800 bases militares espalhadas pelo mundo; que deram golpes, recentemente, no Brasil, em Honduras, no Paraguai, na Bolívia, na Venezuela, etc.; que controlam o capital parasitário da Faria Lima e estrangulam a economia brasileira, do mesmo modo que a economia de toda a periferia do capitalismo. Como foi dito, por mais de três décadas, Washington e seus sócios têm espoliado o planeta e decidido o seu destino. A ascensão da China como potência econômica e tecnológica, a recuperação político-militar da Rússia e a convergência de interesses entre eles estão invertendo gradativamente a correlação de forças internacional.
4. Devemos apoiar a aliança sino-russa, que serve, objetivamente, como um escudo indireto em favor das lutas anti-imperialistas e revolucionárias. No século XX, a existência da URSS foi determinante para o sucesso de inúmeros movimentos de libertação, ajudando a armar e financiar revoluções em todos os continentes e servindo, assim, como uma retaguarda estratégica ao proletariado internacional. Hoje, embora a China não desempenhe o mesmo papel abertamente revolucionário da URSS, e muito menos a Rússia, a relação com eles oferece um escudo indireto para experiências nacionalistas e democrático-populares. Na Venezuela, por exemplo, a parceria com Beijing e Moscou tem sido essencial para a resistência bolivariana. Ela tornou possível contornar sanções, manter supermercados abastecidos e reforçar setores-chave como petróleo, gás e eletricidade. De forma similar, Cuba, submetida há décadas a um bloqueio criminoso dos EUA, encontrou na China e na Rússia aliados vitais para a sua sobrevivência, através do comércio, de auxílios financeiros e de construção de infraestrutura. A onda de afirmação soberana na África, que expulsou as tropas neocoloniais francesas de Mali, Burkina Faso e Níger e está alargando a soberania nacional desses países, só foi possível com o suporte militar e econômico direto da China e da Rússia. A Palestina, Iêmen, Líbano e Irã se veem menos isolados hoje graças, também, ao auxílio sino-russo. Esses são alguns exemplos que demonstram que, na luta de classes global, ao limitar o poder das potências dominantes, a aliança sino-russa beneficia a causa dos povos e oferece fôlego às forças progressistas e revolucionárias.
5. Contudo, o nosso apoio à aliança sino-russa não pode ser automático, e sim condicional. A China e, principalmente, a Rússia apresentam limites e contradições que, por vezes, as colocarão contra os interesses do proletariado internacional. Durante o século XX, muitas organizações revolucionárias cometeram o equívoco de permanecer a reboque da URSS, mesmo quando essa passou a orientar a transição pacífica ao socialismo.A despeito da caracterização que se atribua a China – seja classificando-a como um país em transição ao socialismo ou como um capitalismo de Estado –, é fato que o Partido Comunista Chinês convive com agudas contradições de classe em seu interior. Além disso, em que pese o inegável papel progressista que a China tem desempenhado no mundo, ela exporta investimentos, não a revolução proletária. O governo Putin, por sua vez, se orienta por um nacionalismo de direita, mantém laços com a extrema-direita europeia e governa com mão de ferro contra as organizações dos trabalhadores. Os dois países têm em comum o objetivo imediato de enfrentar as agressões dos EUA e de defender a sua soberania, não necessariamente o de emancipar outros povos do capitalismo. Sua parceria atual é anti-imperialista na medida em que resiste contra o imperialismo estadunidense. Diante disso, defendemos o apoio condicional à aliança sino-russa, jamais como um fim em si mesmo ou como substituto da ação revolucionária independente, mas na medida em que seu confronto com o sistema imperialista crie condições mais favoráveis para que os próprios povos façam suas revoluções. Cada passo que debilita o domínio imperial e fortalece os povos é bem-vindo no caminho para um mundo socialista.
6. O governo Donald Trump está liderando uma reorientação estratégica nos EUA, sustentada, até o momento, em cinco eixos: a) na tentativa de aproximação com a Rússia, com o objetivo de isolar a China; b) na exigência de uma contrapartida maior dos seus sócios para a manutenção do sistema imperialista; c) no protecionismo econômico; d) na intensificação das agressões contra a América Latina; e) na promoção da ideologia e de movimentos neofascistas. a)Diante do fortalecimento da China e da Rússia,o governoTrump buscou retomar a lição de Henry Kissinger, arquiteto da conciliação entre EUA e China na década de 70, que afastou os chineses da URSS. Dessa vez, modificaram-se os papéis, o que vem sendo chamado de “Kissinger inverso”: o governo estadunidense pretende estreitar relações com a Rússia e deixar a China isolada, concentrando suas energias contra ela. As tensões em Taiwan e a guerra comercial com a China tendem a se agravar. b)Com a interrupção do envio de armas para a Ucrânia, ao mesmo tempo em que se aproximaram da Rússia, os EUA pressionaram a Europa a aumentar os gastos com armamento da OTAN, aliviando o peso no orçamento doméstico. Acrescente-se que, do pacote de 800 bilhões de euros em aparato militar anunciados por Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, boa parte será destinada a compras da própria indústria armamentista estadunidense. Essa mesma política dos aliados “pagando mais” está sendo imposta contra os principais parceiros dos EUA na Ásia, o Japão e a Coreia do Sul, ameaçados com tarifas punitivas. c) O governo estadunidense está desmontando tratados comerciais e erguendo barreiras tarifárias em setores estratégicos. Ele está mirando tanto rivais como a China, quanto aliados tradicionais, a exemplo do Canadá e da União Europeia, visando reverter fluxos comerciais negativos e o processo de desindustrialização interna. Apesar dos recuos recentes de Trump, diversas tarifas permaneceram de pé. d) O governo Trump tende, ainda, a aumentar a pressão imperialista contra a América Latina. Como se viu, nos seus primeiros dias de governo, ele pressionou o Panamá a não renovar sua participação na Nova Rota da Seda chinesa, retomou sanções que tinham sido abrandadas contra Cuba e Venezuela e tem realizado exercícios militares no mar da Guiana, na região de Essequibo, reivindicada por Nicolas Maduro. O bilionário Elon Musk, nomeado em um cargo oficial no governo e com notável influência sobre ele, já vinha promovendo ataques contra a democracia brasileira e chegou a publicar uma convocação para o recente ato bolsonarista realizado no Rio de Janeiro. e) A união entre Trump e as “big techs” tem resultado no desmantelamento das regulações de moderação de conteúdo, chamadas por ele de “censura anti-conservadora”. O CEO da Meta (Instagram, Facebook e WhatsApp), Mark Zuckerberg, anunciou o fim do programa de checagem de fatos e relaxou restrições a ataques de gênero e anti-imigração, fazendo com que discursos neofascistas ganhassem espaço na arena virtual. É necessário, aliás, reconhecer o governo Trump como neofascista, ou seja, como um governo que se apoia em um movimento reacionário de massas e que, dentro de suas possibilidades, pretende fortalecer lideranças e partidos que visam a derrubada da democracia burguesa. Essa é outra contradição importante no processo político: a contradição entre o neofascismo e a democracia burguesa – que está em um plano secundário a nível internacional, mas que tem o papel principal no interior de vários países, como no Brasil. Trump tem promovido conferências internacionais que reúnem líderes e delegações de ultradireita. Na última, em fevereiro deste ano, além do presidente dos EUA, participaram a primeira ministra da Itália, Giorgia Meloni; Javier Milei, presidente da Argentina; Liz Truss, ex-primeira ministra do Reino Unido; Tino Chrupalla, líder do AfD na Alemanha; Santiago Abascal, líder do VOX, na Espanha, entre outros.
7. Destaque-se que multipolaridade não significa equilíbrio estável, um mundo com vários países competindo entre si é um caldeirão de crises políticas. Com a atual debilidade das organizações proletárias, as crises têm resultado na ascensão de movimentos neofascistas. A multipolaridade capitalista é um berço de três fenômenos: guerra, fascismo e revolução. A capacidade de resposta da Rússia e da China contra o assédio militar e o estrangulamento financeiro e comercial imperialista tem redefinido esferas de influência política e relações comerciais, o que nunca será aceito pacificamente pelas potências dominantes. Por sua vez, o acirramento dos conflitos entre os “de cima” abre brechas para a luta dos “de baixo”. Foi o que aconteceu, por exemplo, na Comuna de Paris, instaurada durante a Guerra Franco-Prussiana, na Revolução Russa, durante a Primeira Guerra Mundial, e na Revolução Chinesa, logo após a Segunda Guerra Mundial, entre outras revoluções. Porém as crises políticas também podem levar à cooptação ou neutralização dos “de baixo” pelo fascismo, como aconteceu na Itália e na Alemanha a partir da década de 1920, após a derrota do movimento revolucionário nesses países. Ao contrário do início do século XX, quando havia uma forte presença de partidos comunistas e sindicatos combativos, com a fragilidade atual das classes trabalhadoras, as crises políticas têm favorecido o surgimento de movimentos neofascistas.As organizações proletárias ainda não se recuperaram do profundo abalo político e ideológico instaurado pelo fim da URSS e pela ofensiva do neoliberalismo no mundo. Hoje, o nível da consciência de classe está tão baixo que o proletariado nem se reconhece como tal, mas como “empreendedor” ou “colaborador”; o pós-modernismo e as igrejas conservadoras desbancaram, respectivamente, o marxismo e a teologia da libertação; o casamento entre comunismo e nacionalismo, que concebeu as revoluções da América Latina no século XX, foi substituído por uma união paradoxal entre nacionalismo e entreguismo; e as esquerdas têm centrado a sua ação nas disputas eleitorais e institucionais, desconsiderando os limites impostos pelo Estado burguês. Nesse contexto, o movimento fascista é aquele que tem melhor aproveitado as instabilidades geradas pelo capitalismo, o que pode ser visto em países da América e da Europa, como EUA, Argentina, Brasil, Paraguai, El Salvador, Itália, França, Holanda, Alemanha, Áustria, etc. As exceções estão na Ásia, com a força política dos partidos comunistas da China, Vietnã, Laos, Nepal, Sri Lanka, etc.; e nos levantes civis e militares na África, especialmente no Níger, Burkina Faso e Mali.
8. A vitória eleitoral de Donald Trump reanimou o bolsonarismo no Brasil, que conseguiu sair da defensiva e impulsionar o projeto de anistia aos golpistas. Porém, o governo Trump passa por um momento de enfraquecimento que ajudou a frear os ímpetos. Desde o fracasso do golpe de 08 de janeiro de 2023, o bolsonarismo estava na defensiva – não propriamente devido às forças de esquerda, diga-se de passagem, mas principalmente por conta da ação de representações da burguesia, especialmente no STF. A vitória de Trump reverberou nas hostes neofascistas no Brasil, ela criou um cenário favorável para o bolsonarismo defender a anistia aos golpistas, cujo projeto estendia o benefício a seu “führer”, Jair Bolsonaro. Contudo, o rápido desgaste que Donald Trump enfrentou colaborou para barrá-lo. Segundo os institutos de pesquisa, a popularidade de Trump é a pior de um presidente dos EUA em seu começo de mandato nos últimos 80 anos. Além disso, os EUA perderam apoio no mundo devido às imposições tarifárias e ao corte de recursos para OTAN e agências imperialistas. O Ipsos, um reconhecido instituto de pesquisas francês, mostrou que o prestígio dos EUA caiu bruscamente em países que são seus aliados tradicionais, como Canadá, França e Reino Unido.
9. O governo Lula – que, em comparação com os governos anteriores, vinha mantendo uma política internacional mais subordinada aos EUA–, tem a oportunidade de estreitar a sua relação com o BRICS no governo de Donald Trump. O governo Lula enfrenta um grave cerco político, ele é refém: do “mercado”, ou seja, das chantagens do capital internacional e dos seus sócios da Faria Lima; das reformas neoliberais realizadas no governo Temer e Bolsonaro; da crescente capacidade do Congresso Nacional abocanhar o orçamento federal; da ausência de um forte movimento popular organizado; e, não menos importante, da constante ameaça de golpe militar e fascista. A recusa do governo Lula de incentivar a organização e a mobilização popular dificulta furar esse cerco. Nesse contexto, a restauração das relações com os BRICS, paralisada por Temer e Bolsonaro, está aquém dos governos anteriores do PT, como se vê no veto do Brasil à entrada da Venezuela no BRICS e na não adesão à Nova Rota da Seda chinesa. A frente ampla que elegeu o governo, somada à posição de Joe Biden contra o golpismo bolsonarista, levou a política externa de Lula a maiores concessões aos EUA, em detrimento do BRICS. Porém, com o governo Trump, aliado do bolsonarismo e desgastado internacionalmente, abrem-se maiores margens para um estreitamento de vínculos diplomáticos e econômicos com a China e a Rússia, que devem ser aproveitadas.
10. A retomada da organização popular é o que permitirá que o Brasil se beneficie amplamente do BRICS e aproveite as janelas históricas que se abrirão com os conflitos mundiais. O fim do genocídio na Palestina e a defesa de um acordo de paz na Ucrânia são as bandeiras que ocupam o centro da política internacional neste momento e dizem respeito a todo o proletariado internacional. Desde a derrota estratégica sofrida pelas forças progressistas no golpe de 2016, o movimento proletário e popular se debilitou significativamente no Brasil, enquanto o movimento neofascista se ampliou e se enraizou. Houve um intenso refluxo no movimento espontâneo dos trabalhadores, que pode ser retratado pela diminuição do número de greves, de ocupações de terra e de manifestações políticas. Os partidos, sindicatos e movimentos de esquerda têm se enfraquecido cada vez mais. A dispersão da vanguarda também é crescente, o que se vê no esfacelamento da Frente Brasil Popular e Povo Sem Medo, ou nos rachas nas organizações partidárias. A esquerda brasileira segue preocupada quase exclusivamente com as disputas eleitorais, enquanto tem baixíssima inserção no meio do povo e renunciou à disputa ideológica. No plano internacional imediato, é preciso defender: o fim do genocídio sionista em Gaza e na Cisjordânia – que em nome do combate ao terrorismo assassina crianças –, e a criação do Estado da Palestina; um acordo de paz na Ucrânia, respeitando a escolha plebiscitária da população do Donbass de se anexar à Rússia; o fim das sanções criminosas contra Cuba e Venezuela;o apoio aos governos nacionalistas do Sahel; e o respeito ao princípio de “Uma Só China”, reconhecendo Taiwan como parte inalienável do território chinês. A luta anti-imperialista e antifascista no Brasil passa, necessariamente, por fazer do BRICS um sólido ponto de apoio diplomático e de desenvolvimento nacional. É preciso, acima de tudo, que a esquerda brasileira volte a se unir às lutas reivindicativas dos trabalhadores, combata as ideologias neofascistas e neoliberais e promova um projeto nacional, democrático e popular. A retomada da confiança das massas, da organização popular e da luta revolucionária no Brasil possibilitará que, no futuro, aproveitemos as brechas que os confrontos mundiais abrirão na dominação imperialista.
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