
Como se sabe, no dia 2 de abril, o presidente dos EUA, Donald Trump, deu início a uma guerra comercial global ao impor tarifas elevadas a países do mundo inteiro, em uma ação que ele chamou de Dia da Libertação. Poucos dias depois, recuou parcialmente, suspendendo as tarifas para a maioria dos países e substituindo-as por uma tarifa uniforme de 10%. A exceção foi a China, contra quem direcionou tarifas de 145%.
Porém, em uma ordem executiva publicada na noite de 11 de abril, um dia antes da entrada em vigor das tarifas, a Casa Branca anunciou a isenção da tarifa de 145% de diversos eletrônicos produzidos na China. Eles voltaram à taxa de 20%, estabelecida no início de março.
Esse recuo se deu porque grandes empresas dos EUA dependem da China, que desempenha um papel fundamental nas cadeias globais de suprimento. Além disso, boa parte dessas empresas, como a Apple, concentra a fabricação dos seus produtos em solo chinês: 80% dos iPhones vendidos nos EUA são produzidos na China.
A isenção de Trump foi, justamente, sobre os principais produtos exportados pela China para os EUA. Celulares, computadores, baterias elétricas e outros eletrônicos representam cerca de 40% dessas exportações.
Em resposta à Trump, a China elevou suas tarifas sobre importações dos EUA para 125% e aplicou restrições a exportações estratégicas, como minerais críticos, essenciais para as indústrias de tecnologia, defesa e energia dos EUA. Em março de 2025, os ministros das Relações Exteriores da China, Japão e Coreia do Sul, rivais históricos, haviam se reunido em Tóquio para discutir a cooperação trilateral. Xi Jinping realizou, ainda, visitas a países do Sudeste Asiático, como Vietnã, Malásia e Camboja, firmando acordos de cooperação em infraestrutura, tecnologia e comércio.
Hoje, a China exporta mais para a Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) do que para os EUA. Em 2024, o primeiro representou 16,4% das exportações, os EUA caíram para 12,3%, seguidos de perto da União Europeia com 11,1%. O que tem se comprovado é que os EUA dependem muito mais da China do que o contrário.
Enquanto a China exporta para os EUA produtos de alto valor agregado, as exportações dos EUA para a China concentram-se em produtos de baixo valor agregado, como petróleo (U$ 13,38 bilhões), soja (U$ 12,8 bilhões), carne (U$ 2,54 bilhões), sorgo (U$ 1,73 bilhões) e algodão (U$ 1,49 bilhões).
A dependência chinesa dos produtos dos EUA é uma exceção. Ela está localizada principalmente em: aeronaves e seus componentes, chips de inteligência artificial e produtos farmacêuticos. Mas, mesmo nessas áreas, a China tem avançado rapidamente, com a sua própria indústria.
A China ordenou a suspensão de compras de aviões da Boeing e já tem produzido a sua própria aeronave doméstica. Empresas como a Huawei e a SMIC estão desenvolvendo chips de IA avançados. A indústria farmacêutica chinesa cresceu 126 vezes em cincos anos e tem liderado os registros de patentes de medicamentos inovadores, superando os EUA.
O recuo do governo Trump, a capacidade de planejamento e produção chinesa, a maior dependência dos EUA em relação à China e a postura firme do governo liderado pelo Partido Comunista Chinês demonstram que a guerra comercial dos EUA contra a China tende a fracassar.
14:27
O que é o movimento fascista?
“O fascismo é um movimento reacionário de massa enraizado em CLASSES INTERMEDIÁRIAS das formações sociais capitalistas”, Armando Boito em “O neofascismo no Brasil”. Seu objetivo é “implantar um governo antidemocrático, antioperário e antipopular”, em outros termos, uma ditadura fascista.
No mesmo sentido, para Palmiro Togliatti, “no fascismo, a luta contra a classe operária se desenvolve sobre uma nova base de massa de caráter PEQUENO-BURGUÊS”, em “Lições sobre o fascismo”.
Por que é importante perceber que o movimento fascista tem base principal nas classes médias, e não propriamente na burguesia?
Porque permite compreender que há contradições entre as representações tradicionais da burguesia e o movimento fascista. Como disse Dimitrov, “não se poderia ter, da chegada do fascismo ao poder, a ideia simplista e una de que um comitê qualquer do capital financeiro decidiria instaurar em tal data a ditadura fascista. Na realidade, o fascismo chega ordinariamente ao poder em uma luta recíproca, por vezes aguda, com os velhos partidos burgueses”, em “A luta pela unidade da classe operaria contra o fascismo”.
Contudo, na sua trajetória em direção ao poder, o movimento fascista necessita do apoio da grande burguesia, que pode cooptá-lo. “É um movimento que chega ao poder, não como representante de tais classes intermediárias, mas, sim, após ter sido politicamente confiscado pela burguesia ou uma de suas frações”. Armando Boito em “O neofascismo no Brasil”.
O fascismo pode fazer concessões às classes populares, em detrimento do bloco burguês no poder. Mas, essa que é a sua força, também constitui a sua fraqueza. “O calcanhar de Aquiles do regime fascista reside no fato de que ele deve conduzir a política do grande capital, apoiando-se na organização de massas, na qual estão representados predominantemente pequeno-burgueses, mas também uma parte de elementos proletários. A luta no interior do fascismo entre as alas dos grandes capitalistas e da pequena burguesia não cessa, adquirindo formas bastante agudas às vezes”, Pachukanis – Fascismo: verbete”.
Como, então, derrotar o fascismo?
“Nossos adversários são as organizações fascistas, mas as massas que aderem a elas não são nossos adversários, são massas de trabalhadores que devemos fazer todos os esforços para conquistar”, Palmiro Togliatti, em “Lições sobre o fascismo”. Como disse Clara Zetkin, “devemos nos esforçar para conquistar ou neutralizar aquelas massas que ainda estão no campo fascista. Desejo enfatizar a importância de percebermos que devemos lutar ideologicamente pelos corações e mentes dessas massas”, Clara Zetkin em “Fascismo”.
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