Por Stansfield Smith | jan. 2019 | Tradução: Leitinho.
Há quem diga que a Rússia é uma potência mundial imperialista em conflito com a superpotência imperialista, os EUA. A Rússia foi caracterizada dessa maneira tanto durante o período da União Soviética quanto após o colapso da União Soviética e a formação de estados separados. A Rússia foi chamada imperialista quando era um estado socialista e também agora com um estado capitalista. Há também quem diga que a Rússia é um estado capitalista não imperialista, que ainda luta para se recuperar da crise do colapso soviético e da catástrofe política e econômica dos anos Yeltsin, quando o país se converteu praticamente em um cliente neocolonial saqueado pelos EUA.[1] Lenin reconheceu que o capitalismo moderno “está por toda parte se tornando capitalismo monopolista”.[2]; O capitalismo se transformou em um sistema mundial de opressão colonial e de “estrangulamento financeiro da esmagadora maioria da população do mundo por um punhado de países ‘avançados’”.[3] Esta dominação do mundo por algumas potências imperialistas não é apenas a maior barreira para o progresso econômico e social dos países menos desenvolvidos, mas para resolver os problemas prementes que afligem a humanidade como um todo e agora o próprio planeta.
Lenin definiu o imperialismo capitalista moderno:
Sem esquecer o valor condicional e relativo de toda definição em geral, que nunca pode abarcar todas as concatenações de um fenômeno em seu pleno desenvolvimento, devemos dar uma definição de imperialismo que inclua as cinco a seguir entre as suas características básicas: (1) a concentração da produção e do capital se desenvolveu a um estágio tão alto que criou monopólios que mantém papel decisivo na vida econômica; (2) a fusão do capital bancário [hoje financeiro] com o capital industrial, e a criação, com base nessa ‘finança’, de uma oligarquia financeira; (3) a exportação de capital, distinta da exportação de commodities, adquire importância excepcional; (4) a formação de associações capitalistas monopolistas internacionais que dividem o mundo entre si; e (5) a divisão territorial de todo o mundo entre as maiores potências capitalistas está completa. Imperialismo é o capitalismo naquele estágio do desenvolvimento em que a dominância dos monopólios e da finança é estabelecida; em que a exportação de capital adquiriu clara importância; em que a divisão do mundo entre os trustes [monopólios] internacionais teve início, em que a divisão de todos os territórios do globo entre as potências capitalistas foi concluída.[4]
A seguir, veremos como a Rússia capitalista hoje compartilha dessas características, considerando o papel que os monopólios capitalistas russos desempenham no sistema imperialista mundial, a natureza do comércio de exportação da Rússia, a exportação de capital russo, o papel mundial desempenhado pelo capital financeiro russo e, finalmente, o poder militar russo.[5]
1. A força da Rússia entre os monopólios capitalistas internacionais
O papel da Rússia na “(4) formação de associações capitalistas monopolistas internacionais, que dividem o mundo entre si” pode ser medido pela posição das corporações do país entre as 2000 corporações internacionais mais importantes.
A Forbes listou as 2000 maiores corporações do mundo com base no total de vendas, lucros, ativos e valor de mercado. Das 10 maiores empresas, 5 são chinesas e 5 são dos EUA. A China abriga 291 empresas do Global 2000 (acima de apenas 43 em 2003). Os EUA estão no topo com 560. O Canadá tem 50, Austrália 39, Índia 58.
A Rússia tem apenas 4 no top 100, classificados em 43, 47, 73 e 98. Tem apenas 6 no top 500 e 25 no top 2000. Sua parcela total nas maiores corporações mostra ligeiro declínio, não uma tendência ascendente: no período entre 2008-2013 eram 29-30 corporações russas na lista Global 2000.
As 2.000 empresas nesta lista respondem por US$ 39,1 trilhões em vendas, US$ 3,2 trilhões em lucro, US$ 189 trilhões em ativos e US$ 56,8 trilhões em valor de mercado. As vendas das 25 corporações da Rússia totalizam US$ 568 bilhões, apenas 1,45% do total. Seus ativos coletivos somam US$ 1.757,3 bilhões, representando pouco menos de 1% do total. Entre os monopólios internacionais, a Rússia tem papel minoritário.
Produtividade do trabalho da Rússia em comparação com União Europeia e EUA
A perspectiva de mudança significativa nesses números é desmentida pelo problema da baixa produtividade da mão de obra russa. A produtividade do trabalho, aqui calculo com o produto interno bruto [PIB] em dólares americanos dividido pelo número total de horas trabalhadas pela força de trabalho do país, ficou em 25,4 em 2016 para a Rússia. Esta é a taxa mais baixa entre todos os países europeus, tão baixa que é menos da metade da taxa média da União Europeia de 53,4. A produtividade do trabalho da Rússia é 36% do nível dos EUA de 69,9; A da Alemanha é de 68,1. A Rússia continua atolada no nível de produtividade de um país atrasado, longe de poder competir com os centros capitalistas avançados.
O Relatório de Competitividade Global do Fórum Econômico Mundial, baseado em uma combinação de doze fatores, classifica a Rússia como 38 em sua lista, acima de vários países da Europa Oriental. A classificação do relatório melhorou a posição da Rússia de 67º em 2012-13 para 38º em 2017-18.[6]
Produção manufatureira russa
O papel que a Rússia desempenha no sistema econômico mundial pode ser entendido novamente ao se comparar a produção manufatureira por país em termos de dólares. Em 2015, a China ficou em primeiro lugar com US$ 2.010 bilhões em bens manufaturados, 20% da produção mundial, e os EUA em segundo com US$ 1.867 bilhões, 18%. A Rússia ficou em 15º lugar, atrás de Índia, Taiwan, México e Brasil, produzindo US$ 139 bilhões em bens manufaturados, novamente um ator menor, com apenas 1% da produção mundial.
2. Exportações russas de matérias-primas vs. bens de alta tecnologia
Em seu comércio de exportação, os países imperialistas normalmente mostram uma tendência acentuada para a venda de bens finais sofisticados e de alto valor; de serviços técnicos intensivos em conhecimento; e de serviços financeiros. As nações oprimidas pelo imperialismo normalmente estão restritas à exportação de matérias-primas a preços determinados pelo mercado imperialista e à produção de bens finais por subsidiárias corporativas de propriedade imperialista localizadas em seus países.
Em 2017, dos principais países exportadores do mundo, a Rússia ficou em 17º lugar, depois de México, Emirados Árabes Unidos e Cingapura. A China ficou em primeiro lugar, com US$ 2.263 bilhões em exportações, os EUA em segundo com US$ 1.547, a Alemanha em terceiro com US$ 1.448. Com posição significativamente mais alta que a de 2016, a Rússia ainda exporta apenas US$ 353 bilhões em mercadorias.
O Banco Mundial relatou sobre a Rússia em 2017 que petróleo e gás representam 58% das exportações, outros 11% são metais, 6% de matérias-primas alimentares, 3% madeira e papel e celulose, 4% de pedras preciosas, metais e outros minerais. Mais de 82% das exportações da Rússia são matérias-primas, enquanto os bens finais realmente tecnológicos (incluindo militares) representaram apenas 8% das exportações.[7]
Os 10 principais itens exportados e importados da Rússia em 2017 mostram que bens de maquinário somaram US$ 12,8 bilhões em exportações, em comparação com US$ 106,2 bilhões em importações.
As exportações (e importações) russas não se enquadram no padrão de um estado imperialista, mas sim de um estado semidesenvolvido do terceiro mundo, que exporta principalmente matérias-primas e depende da importação estrangeira de bens avançados.
Posição russa no ranking de exportação de bens de alta tecnologia [8]
As potências imperialistas seriam as líderes na exportação de bens de alta tecnologia. Em termos de ranking mundial na exportação desses bens, a China voltou a ocupar o primeiro lugar, com US$ 496 bilhões em exportações de alta tecnologia, com os EUA em terceiro (depois da Alemanha), exportando US$ 153,2 bilhões. O México exportou US$ 46,8 bilhões. A Rússia ficou em 31º lugar nas exportações de bens de alta tecnologia, com um total de apenas US$ 6,64 bilhões em exportações. Esses números também mostram que a Rússia está longe de se tornar um ator imperialista no cenário mundial.
3. Papel da Rússia no capital bancário e financeiro internacionais
Na lista de Lenin das características dos países imperialistas de seu tempo, os grandes bancos são as organizações mais importantes do capital financeiro. Esperaríamos que um estado imperialista estivesse bem representado entre os principais bancos. Dos 100 maiores bancos do mundo, classificados por ativos totais, a China tem 5 dos 10 maiores. Os EUA têm 6 dos 40 maiores. Dos 100 maiores bancos, 20 são chineses, 10 são americanos, 9 são japoneses, 6 franceses, 6 alemães, 6 britânicos, 5 canadenses, 5 sul-coreanos, 5 brasileiros, 4 australianos, 3 suecos, 3 italianos, 3 espanhóis, 3 holandeses, 2 bancos de Cingapura e 2 bancos suíços. A Rússia tem um, classificado em 66º.
Lenin afirmou que na época imperialista ocorreu “a divisão do mundo entre os trustes internacionais”. A forma como o mundo está dividido entre esses trustes na época imperialista muda à medida que os estados imperialistas sobem e caem. Na atual divisão mundial entre esses trustes, encontramos a Rússia com um papel bem minoritário, com 4 corporações no top 100, 25 no top 2000, 1,45% da participação no mercado mundial, nenhuma empresa entre as 100 maiores em termos de ativos estrangeiros, e um banco entre os 100 maiores bancos internacionais.
Exportação de capital russo
Lenin afirmou que “(3) a exportação de capital, distinta da exportação de mercadorias, adquire uma importância excepcional”. A Rússia tem uma exportação substancial de capital, mas isso vem na forma de fuga de capital, para paraísos fiscais como Chipre e as Ilhas Virgens Britânicas. O Banco Central da Rússia calculou a fuga líquida de capital do país em 2014 em US$ 154,1 bilhões, e o total desde que Putin assumiu o cargo em 1999 a 2014 em cerca de US$ 550 bilhões. O total real até 2014 pode ser superior a US$ 1 trilhão. O Banco Central calculou a fuga de capital russa em 2018 em US$ 66 bilhões.
Ativos estrangeiros de multinacionais russas
Um estudo lista as 100 maiores corporações multinacionais não financeiras classificadas por seus ativos estrangeiros, seus investimentos em outros países. Nesta medida chave de exportação de capital financeiro, 20 das empresas são norte-americanas, 14 são britânicas, 12 francesas, 11 alemãs, 11 japonesas, 5 suíças e 5 chinesas (incluindo Hong Kong). Nenhuma corporação russa está no topo da lista das 100 corporações com base em seus investimentos no exterior.
As 10 maiores multinacionais russas não financeiras possuem US$ 188,3 bilhões em ativos estrangeiros totais, representando um terço do total russo. O total de ativos estrangeiros corporativos russos é menor do que o das duas primeiras na lista das 100 maiores multinacionais não financeiras do mundo.[9]
Propriedade de capital financeiro na Rússia em comparação com estados imperialistas
Outra medida das participações de capital financeiro dos países do mundo é produzida anualmente pelo Credit Suisse. Seu Global Wealth Databook 2018 mapeia a riqueza financeira nacional (ações, títulos, fundos do mercado monetário e contas bancárias) dividindo a riqueza financeira nacional pela população adulta total em cada país. O grupo superior, com mais de US$ 100.000 em média de riqueza financeira por adulto, inclui países da Europa Ocidental, América do Norte, Austrália e Nova Zelândia, Japão, Israel, Cingapura e Taiwan. Os EUA (US$ 336.528) ocupam o segundo lugar depois da Suíça (US$ 372.336). Todos os países deste grupo são países imperialistas, ou satélites chave do centro imperialista, os Estados Unidos. A riqueza financeira média mundial por adulto é de US$ 38.110; na saqueada Grécia é de US$ 33.969. A China está muito atrás, com US$ 19.862. A Rússia fica muito mais baixo com US$ 8.843, o que equivale a 2,6% da riqueza financeira média por adulto em comparação com os EUA.
A Rússia permanece muito distante de possuir a riqueza financeira de um país imperialista. Da riqueza financeira e não financeira do mundo, os EUA concentram uma parcela de 31%, a China é o único outro país acima de 10%, com 16,4%: Rússia tem 0,7%.
Lênin escreveu que “o imperialismo é a época do capital financeiro e dos monopólios” […] “na qual a exportação de capital adquiriu importância pronunciada”.[10] No que tange à exportação de capital financeiro para fins produtivos feito por multinacionais russas, a Rússia é um ator muito pequeno.
4. Peso Militar Mundial Russo
Lenin finalmente se refere à “(5) divisão territorial de todo o mundo entre os maiores potências capitalistas”. Fundamental para o domínio imperialista das estruturas econômicas globais é seu papel no policiamento e manutenção da ordem mundial que impõem. As principais potências imperialistas têm importantes indústrias de armas e participam como vendedores no comércio global de armas.
Exportações militares russas
É apenas no peso militar que a Rússia mostra seu poder, mas isso por si só não faz dela imperialista de acordo com Lenin. Nem torna a Rússia imperialista, mesmo à maneira imperialista pré-capitalista da Roma antiga, que exigia expansão militar e trabalho escravo. Embora o poder militar significativo da Rússia, especialmente seu arsenal nuclear, dificulte a ação dos imperialistas, a Rússia não invade e bombardeia países em todo o mundo como os EUA, ou mesmo como potências imperiais de segunda categoria como Grã-Bretanha e França, fazem.
Além disso, ao contrário dessas potências militares imperialistas, a Rússia capitalista não desenvolveu, mas sim herdou o poderio militar e as indústrias de armamentos da URSS. A Rússia também é única por ser o único país do antigo bloco socialista soviético que continua cercado e ameaçado com ataque militar pelo ocidente imperialista.
Ainda assim, a Rússia é um dos principais exportadores mundiais de armas. Nenhum ramo da manufatura russa é competitivo no mercado internacional, exceto a indústria de armamentos. As exportações mundiais de armas em 2016 totalizaram US$ 32,262 bilhões e US$ 31,106 bilhões em 2017. O Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo lista a exportação de armas da Rússia em US$ 6,148 bilhões em 2017, abaixo dos US$ 6,937 bilhões em 2016. O maior exportador de armas do mundo são os EUA, com US$ 10,304 bilhões em vendas de armas em 2016 e US$ 12,394 bilhões em 2017. Os EUA respondem por 34% das vendas militares globais e a Rússia por 22%.
As exportações de armas dos EUA são pouco mais que o dobro das da Rússia. Aqui, a Rússia está ficando para trás: enquanto as exportações de armas dos EUA cresceram 25% em 2013-17 em comparação com o período de 2008-12, as exportações russas caíram 7,1% no mesmo período.
Corporações russas entre os produtores de armas
De acordo com o SIPRI, os 100 maiores produtores de armas do mundo faturaram US$ 398,2 bilhões em vendas e serviços militares em 2017. (O Defense News fornece números um pouco diferentes). Metade dessa quantia foi para os 10 maiores produtores, cinco dos quais são empresas americanas, enquanto uma é russa. Das 100 maiores, 42 são corporações americanas, enquanto 10 são russas.
Bases militares estrangeiras russas e orçamento militar
A Rússia tem 15 bases militares em 9 países estrangeiros. Apenas duas delas estão fora da antiga União Soviética, no Vietnã e na Síria. A China tem uma base fora de seu território, em Djibuti. Os EUA têm mais de 800 bases em território estrangeiro.
Comparado ao orçamento militar dos EUA, que o SIPRI estima em US$ 610 bilhões, apenas o aumento para este ano no orçamento do Pentágono é maior do que todo o orçamento militar russo, que foi de US$ 66 bilhões em 2017, quarto lugar depois da China e da Arábia Saudita.
Intervenções russas em outros países
A Rússia interveio em outros países (Iugoslávia, Geórgia, Ucrânia, Síria), mas não à maneira dos países imperialistas, motivados a se apropriar dos recursos naturais e das riquezas. A intervenção russa não chega nem perto da escala mesmo de potências imperiais secundárias, como a França ou a Grã-Bretanha. A Rússia também não engendrou golpes de estado em outros países, como os países imperialistas fazem constantemente.
A Rússia interveio em uma operação muito limitada na ex-Iugoslávia em meados da década de 1990, quando as forças russas atuaram como “policiais macios” para a OTAN. A Rússia lutou em 2008 pela Ossétia do Sul pró-russa com a Geórgia, que foi apoiada pelos EUA.
O conflito na Ucrânia é resultado direto da engenharia dos EUA de um golpe de direita anti-Rússia em 2014. O povo da região leste da Ucrânia, que é predominantemente de língua russa, se levantou exigindo autonomia política e econômica. Ainda que aqueles no leste da Ucrânia sejam apoiados pela Rússia, Moscou não mostrou interesse em absorver o leste da Ucrânia como fez com a Crimeia após o referendo.
O envolvimento militar direto da Rússia em 2015 na guerra da Síria é semelhante ao da Ucrânia: para impedir a contínua mudança de regime EUA-OTAN e o cerco ao seu país. A Rússia foi convidada pelo governo sírio para ajudar a derrotar grupos rebeldes armados e financiados pelos EUA e países da OTAN e pela Arábia Saudita.
Ao contrário de EUA, Grã-Bretanha e França, em nenhum desses casos a Rússia interveio militarmente para derrubar um governo a fim de proteger seus interesses econômicos estrangeiros.
O crescente cerco da Rússia pelos EUA e pela OTAN é uma continuação de sua política anterior de subjugar e recolonizar a União Soviética. Fonte: Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
5. A Rússia e o imperialismo hoje
Fazendo referência à declaração de Lenin sobre o imperialismo, a Rússia não é um ator relevante no domínio dos monopólios e do capital financeiro, nem a exportação de capital desempenha um papel importante (salvo o efeito negativo da corrente fuga de capitais), nem os trustes russos desempenham qualquer papel essencial papel na divisão dos recursos mundiais.
A Rússia pode ser classificada como um dos estados mais poderosos do mundo apenas se tomarmos como base sua força militar. Economicamente, compartilha as características não de um estado capitalista avançado, mas de um estado na semiperiferia capitalista. Ela desempenha um papel muito pequeno na atividade imperialista por excelência: a exportação de capital para a periferia e a extração de lucro por meio do trabalho e dos recursos de países em desenvolvimento. O capital financeiro da Rússia é pequeno, suas exportações predominantemente de matérias-primas, sua indústria fraca, suas corporações multinacionais minoritárias, sua economia atormentada pela baixa produtividade do trabalho.
O imperialismo continua a ser o principal perigo para a vida e o bem-estar dos povos do mundo. Nossos problemas, os problemas da humanidade, tem raízes na dominação imperialista de nossas nações e de nossas vidas. Especificamente, isso significa o domínio do chefe imperialista, os EUA, e das potências imperiais secundárias em sua órbita: Europa Ocidental, Japão, Canadá e Austrália. A Rússia, ainda que um país capitalista, é intimidada pelos EUA por conta de sua independência (como Venezuela, Irã, Líbia de Kadafi, Nicarágua) e não faz parte de nenhuma conspiração imperialista que nos ameace. As potências Rússia e China percebem que devem responder aos esforços do imperialismo para subordiná-las. Felizmente, sua resistência inconsistente dá abertura para outros povos e países afirmarem sua própria soberania nacional.
Notas
[1]. Stephen Cohen escreveu em The Failed Crusade que, após o colapso da União Soviética, começou o colapso econômico mais cataclísmico de um país industrial em tempos de paz. A restauração capitalista trouxe pauperização e desemprego em massa, extremos selvagens de desigualdade, crime desenfreado, antissemitismo virulento e violência étnica, combinados com gangsterismo legalizado e saques precipitados de bens públicos. Em 1998, o investimento caiu 80%, os salários reais pela metade e os rebanhos de carne e leite em 75%. Aqueles que viviam abaixo da linha da pobreza nas ex-repúblicas soviéticas aumentaram de 14 milhões em 1989 para 147 milhões. Isso produziu mais órfãos do que os mais de 20 milhões de vítimas da guerra na Rússia, epidemias de cólera e tifo ressurgiram, milhões de crianças sofreram de desnutrição e a expectativa de vida adulta despencou. Fidel Castro falou do saque escandaloso da Rússia pós-soviética na última parte de um discurso de 1998.
[2]. Lenin: A catástrofe iminente e como combatê-la, Collected Works, Volume 25, p. 339.
[3]. Lenin: Imperialismo: O Estágio Superior do Capitalismo, CW, 22, p.191.
[4]. Lenin; Imperialismo, CW 22, p.266-267.
[5]. Dois artigos úteis na escrita deste: Renfrey Clarke e Roger Annis, “The Myth of ‘Russian Imperialism” e Sam Williams, “Is Russia Imperialist?”
[6]. Informações detalhadas da Rússia nas páginas 248-249 do relatório.
[7]. Banco Mundial, “Modest Growth Ahead”, Relatório Econômico da Rússia 39, maio de 2018, p. v.
[8]. Definição: as exportações de alta tecnologia são produtos com alta intensidade de P&D, incluindo setores como o aeroespacial, de computadores, produtos farmacêuticos, instrumentos científicos e máquinas elétricas.
[9]. Essas informações sobre a fuga de capitais russos e ativos estrangeiros são inteiramente consistentes com os dados de um estudo anterior sobre o investimento global russo, usado, ironicamente, para afirmar que a Rússia é imperialista.
[10]. Lenin; Imperialismo, CW 22, p.297, 267.
Sobre Stansfield Smith
Stansfield Smith é um ativista contra a guerra focado principalmente no combate à intervenção dos EUA na América Latina. Ele foi membro do Comitê de Chicago para Libertar os Cinco Cubanos, que se tornou Chicago ALBA Solidariedade. Ele pode ser contatado em stansfieldsmith100@gmail.com.
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